domingo, 30 de janeiro de 2011

Big Brother Brasil

Por Luiz Fernando Veríssimo
Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço... A décima primeira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil,... encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência. 
Dizem que em Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos, na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE...
Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.
Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que  recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.
Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.
Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?
 São esses nossos exemplos de heróis?
Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros: profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..
Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.
Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.
Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada, meses atrás pela própria Rede Globo.
O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.
E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!
Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.
Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social: moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?
(Poderiam ser feitas mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)
Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.
 Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós.. , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.
Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade.



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Nota: Não sabemos se de fato esta crônica foi escrita por Fernando Veríssimo, mas podemos concordar que foi sabiamente escrita. Ao ligarmos nosso televisor para assistir ao BBB, é como despejar um esgoto em nossa sala. Preconceito sexual a parte, sexo, vulgaridade, desvio dos principios morais que deveriam nortear os jovens, é isso que é propagado pela maior emissora. Chamar de herois pessoas que se sujeitam a tais cenas, é absurdo. Heroi pra mim é aquele caseiro que perdeu sua família, sua casa no desastre da região Serrana do RJ, mas não perdeu a dignidade e saiu para ajudar no resgate de outras vítimas. Heroi para mim, é o pai que sustenta sua família com um salário mínimo. Vamos colocar o BBB no paredão e eliminar de nossa casa esse entulho de depravação.

Coerência entre o virtual e real

Por Denis Cruz

"Estou feliz da vida." Era exatamente isso que estava escrito ao lado da foto sorridente de Cátia, no Orkut. No Facebook, a mesma foto com seu sorriso e cabelos negros lisos, a verdadeira imagem da perfeição e felicidade plena. Sua alegria também era retratada nas frases do Twitter, tais como "Dia mais feliz do mundo", "Eu sou feliz", "Amo meu namorado", e por ai vai uma relação interminável. 

Melancólica, Cátia se sentou diante do computador. A tela exibia seu Orkut, que listava várias imagens também sorridentes. "Meus amigos", ela pensou, mas a melancolia se abateu ainda mais forte. Não eram exatamente amigos, daqueles na casa de quem a gente vai, sai com eles para uma lanchonete ou bate um papo ao vivo. Eram pessoas que haviam saído de algum chat ou comunidade virtual. Enfim, eram amigos virtuais, vivendo suas vidas virtualmente felizes na tela de um computador. Ah, o namorado também era virtual. 

Cátia sentiu falta de um colo de verdade. Lembrou-se do pai, o delegado Augusto, que um dia chegou em casa e falou que um bandido homiziou-se na favela. "Homiziou-se?", ela perguntou naquele dia. "O que é isso, pai?" O Dr. Augusto riu, e disse: "Homiziar-se é esconder-se." Era exatamente isso que Cátia acabava de sentir a respeito de si mesma: havia se homiziado num mundo virtual, navegando em páginas de relacionamentos também virtuais, fingindo-se feliz com suas melhores fotos e frases perfeitas. 

Ela não era a mulher forte e decidida retratada em suas frases de descrição de perfil ou na lista de comunidades. Aliás, participava de várias comunidades com ênfase no poder feminino, inclusive no de sedução, mas, na verdade, nem tinha muito jeito com os rapazes e passava horas para se decidir a respeito da maioria dos assuntos. Não era nada parecida com a líder nata retratada naquelas páginas. 

Cátia mergulhou o rosto choroso na palma das mãos abertas. Aquilo tudo eram apenas verdades virtuais. Refletia o que ela queria ser e não o que ela realmente era. Pensou na diferença óbvia entre as palavras envolvendo esses conceitos: "virtual" e "real". Sentiu falta dos amigos da igreja e dos passeios juntos. Sentiu saudades até daqueles acampamentos desastrosos com os Desbravadores, quando chovia e estragava tudo. "Mas era tão intenso", ela lembrou, "tão verdadeiro." Fez uma pausa em seus pensamentos e chorou ao se lembrar da chuva caindo sobre a lona da barraca mal estacada. "Era tudo tão REAL!"

A jovem enxugou o rosto e olhou para a tela reluzente do computador. Não era exatamente ela que estava retratada naquelas páginas. Iria reformulá-las em breve. Apesar dos bons amigos que encontrou nesse universo de dados e imagens sorridentes, queria sair mais de seu refúgio e se relacionar com pessoas que se materializassem de verdade diante dela. 

Cátia pegou o telefone e ligou para uma amiga da Igreja: 

- Oi, Pri. Saudades de você. Não estou muito bem hoje e queria conversar com uma amiga. 

- Sério! Mas vi seu Orkut hoje. Você me pareceu tão feliz. 

- Pois é. Mas, às vezes, uma verdade virtual pode ser uma mentira real. 


Fonte: Outra Leitura

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Nota: É tempo de se perguntar: tenho passado mais tempo com os amigos virtuais do que com os amigos reais? Tenho ficado mais tempo na fazenda do orkut do que conversando com minha família? A tecnologia deve ser utilizando como ferramenta em nosso favor, não como artícios que nos manipule e nos afaste da realidade em nossa volta. Ontem tive a opotunidade de participar da "Hora social" realizado pelos jovens da Igreja Adventista de Jardim Cruzeiro, quanto tempo... que saudade de outrora... antes marcávamos com os amigos para nos recrearmos juntos, agora não mais o vemos, apenas fotos no orkut de momentos montados, pois não há mais o convívio pessoal, não há nem mais uma "hora social", estamos antissociais. É temos de repensarmos se nossa vida está coerente com aquilo que realmente importa.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Casamento é bom para saúde física e mental, diz pesquisa

Antes de dizer não ao casamento e viver como um solteiro convicto, saiba que casamentos podem ser bons para a saúde. Uma pesquisa recente mostrou que relacionamentos seguros e duradouros são bons para a saúde mental e física. E mais, os benefícios aumentam com o passar do tempo.

O estudo da Universidade Cardiff (Reino Unido), sugere que os casados vivem mais do que os solteiros em média. Os pesquisadores descobriram que as mulheres, quando casadas, têm melhor saúde mental. Já os homens de aliança têm vantagem física.

O estado físico dos homens melhora provavelmente pela influência positiva da parceira no estilo de vida. No campo mental, as mulheres ficam melhores possivelmente pela grande importância dada ao relacionamento, de acordo com os pesquisadores.

Mas nem tudo são flores no mundo dos relacionamentos, o estudo menciona evidências de que relacionamentos na adolescência estão associados com sintomas depressivos. E não ache que todos os relacionamentos sejam bons para a saúde, os pesquisadores também dizem que os solteiros têm melhor saúde mental do que pessoas em relacionamentos tensos.

Fonte: Galileu
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Nota: Mais uma vez as pesquisas vêm atestar o que a Bíblia há muito tempo já fala. O casamento foi instituído por Deus desde o Edem para o bem mútuo do casal. O casamento bem consolidado e planejado, sob os cuidados e bênção divinas será bom para o casal e para todos os que se aproximarem desta atmosfera de carinho, cuidado e amor. Mas se o casamento tiver bases não sólidas, um relacionamento imaturo construído na areia, com a primeira tempestade se desfarão e causarão infelicidade. É bom atentar, o namoro pode se desfazer, mas o casamento é uma escolha para toda a vida.

Bons pensamentos

Fonte: Lição 6 da Escola Sabatina





Sábado à tarde



Verso para Memorizar: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Filipenses 4:8).

Como uma das mais utilizadas formas de intervenção na saúde mental de hoje, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) se baseia na suposição de que a maioria dos problemas psicológicos alcança melhora quando se identificam e mudam percepções, pensamentos e comportamentos inexatos e inadequados.

As pessoas depressivas tendem a interpretar os fatos de forma negativa; as pessoas ansiosas tendem a encarar o futuro com apreensão; e as que têm baixa autoestima maximizam o sucesso dos outros e minimizam o seu próprio. Assim, a TCC procura acostumar as pessoas a identificar e mudar seus hábitos doentios de pensamento em busca de melhores alternativas que promovam o comportamento desejável e eliminem os não desejados.

A Bíblia fala sobre a relação entre pensamentos e ações (Lc 6:45). Bons padrões de pensamento são não apenas saudáveis, mas também fornecem um caminho para a integridade: “Acaso, não erram os que maquinam o mal? Mas amor e fidelidade haverá para os que planejam o bem” (Pv 14:22).

Nesta semana, vamos analisar algumas verdades bíblicas que podem nos ajudar a obter controle sobre nossa atividade mental, permitindo que Cristo tome conta de nossa mente.

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Nota: Num mundo de hoje corrompido por maus hábitos, por conversações frívolas que nos rodeiam, programações televisivas que deturpam e corrompem os bons costumes... é difícil manter bons pensamentos. Mas é necessário um esforço extra para buscar uma excelência de pensamentos que irão nos fazer sentir-nos melhores com nós mesmo, com Deus e com nossos semelhantes.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Presidenta, sim!


O Brasil ainda está longe da feminização da língua ocorrida em outros lugares. Dilma Rousseff adotou a forma “presidenta”, que assim seja chamada

Se uma mulher e seu cachorro estão atravessando a rua e um motorista embriagado atinge essa senhora e seu cão, o que vamos encontrar no noticiário é o seguinte: “Mulher e cachorro são atropelados por motorista bêbado”. Não é impressionante? Basta um cachorro para fazer sumir a especificidade feminina de uma mulher e jogá-la dentro da forma supostamente “neutra” do masculino. Se alguém tem um filho e oito filhas, vai dizer que tem nove filhos. Quer dizer que a língua é machista? Não, a língua não é machista, porque a língua não existe: o que existe são falantes da língua, gente de carne e osso que determina os destinos do idioma. E como os destinos do idioma, e da sociedade, têm sido determinados desde a pré-história pelos homens, não admira que a marca desse predomínio masculino tenha sido inscrustada na gramática das línguas.

Somente no século XX as mulheres puderam começar a lutar por seus direitos e a exigir, inclusive, que fossem adotadas formas novas em diferentes línguas para acabar com a discriminação multimilenar. Em francês, as profissões, que sempre tiveram forma exclusivamente masculina, passaram a ter seu correspondente feminino, principalmente no francês do Canadá, país incomparavelmente mais democrático e moderno do que a França. 

Em muitas sociedades desapareceu a distinção entre “senhorita” e “senhora”, já que nunca houve forma específica para o homem não casado, como se o casamento fosse o destino único e possível para todas as mulheres. É claro que isso não aconteceu em todo o mundo, e muitos judeus continuam hoje em dia a rezar a oração que diz “obrigado, Senhor, por eu não ter nascido mulher”.

Agora que temos uma mulher na presidência da República, e não o tucano com cara de vampiro que se tornou o apóstolo da direita mais conservadora, vemos que o Brasil ainda está longe da feminização da língua ocorrida em outros lugares. Dilma Rousseff adotou a forma presidenta, oficializou essa forma em todas as instâncias do governo e deixou claro que é assim que deseja ser chamada. Mas o que faz a nossa “grande imprensa”? Por decisão própria, com raríssimas exceções, como CartaCapital, decide usar única e exclusivamente presidente. E chovem as perguntas das pessoas que têm preguiça de abrir um dicionário ou uma boa gramática: é certo ou é errado? Os dicionários e as gramáticas trazem, preto no branco, a forma presidenta. Mas ainda que não trouxessem, ela estaria perfeitamente de acordo com as regras de formação de palavras da língua.

Assim procederam os chilenos com a presidenta Bachelet, os nicaraguenses com a presidenta Violeta Chamorro, assim procedem os argentinos com a presidenta Cristina K. e os costarricenses com a presidenta Laura Chinchilla Miranda. Mas aqui no Brasil, a “grande mídia” se recusa terminantemente a reconhecer que uma mulher na presidência é um fato extraordinário e que, justamente por isso, merece ser designado por uma forma marcadamente distinta, que é presidenta. O bobo-alegre que desorienta a Folha de S.Paulo em questões de língua declarou que a forma presidenta ia causar “estranheza nos leitores”. 

Desde quando ele conhece a opinião de todos os leitores do jornal? E por que causaria estranheza aos leitores se aos eleitores não causou estranheza votar na presidenta?

Como diria nosso herói Macunaíma: “Ai, que preguiça…” Mas de uma coisa eu tenho sérias desconfianças: se fosse uma candidata do PSDB que tivesse sido eleita e pedisse para ser chamada de presidenta, a nossa “grande mídia” conservadora decerto não hesitaria em atender a essa solicitação. Ou quem sabe até mesmo a candidata verde por fora e azul por dentro, defensora de tantas ideias retrógradas, seria agraciada com esse obséquio se o pedisse. Estranheza? Nenhuma, diante do que essa mesma imprensa fez durante a campanha. 

É a exasperação da mídia, umbilicalmente ligada às camadas dominantes, que tenta, nem que seja por um simples -e no lugar de um -a, continuar sua torpe missão de desinformação e distorção da opinião pública.

Marcos Bagno é professor de Linguística na Universidade de Brasília



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Nota: Vamos manter nossa neutralidade quanto ao partido político, mas a língua é criada por seus usuários e a cada dia vem passando por mudanças. Então que seja: PRESIDENTA! Podemos consultar nosso dicionário, sim, aquele livrinho amarelado que fica no fundo de nossas estantes, vamos usá-la. Pode consultar também o Aurélio virtual.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Quem dorme até tarde não é vagabundo, diz ciência (as vezes)

Segundo neurologistas, o que essas pessoas têm é distúrbio do sono atrasado

por Bruna Bernacchio 
 
 
 


Alvo de críticas de familiares e amigos, quem gosta de ficar na cama até a hora do almoço pode ter um motivo científico para a "vagabundagem": o distúrbio do sono atrasado. O assunto foi um dos temas abordados no 6º Congresso Brasileiro do Cérebro, Comportamento e Emoções, que aconteceu recentemente em Gramado. 

O organismo humano tem um ciclo diário, de modo que os níveis hormonais e a temperatura do corpo se alteram ao longo do dia e da noite. Depois do almoço, por exemplo, o corpo trabalha para fazer a digestão e, conseqüentemente, a temperatura sobe, o que pode causar sonolência. 

Quando dormimos, a temperatura do corpo diminui e começamos a produzir hormônios de crescimento. Se dormirmos durante a noite, no escuro, produzimos também um hormônio específico chamado melatonina, responsável por comandar o ciclo do sono e fazer com que sua qualidade seja melhor, que seja mais profundo. 

Pessoas vespertinas, que têm o hábito de ir para a cama durante a madrugada e dormir até o meio dia, por exemplo, só irão começar a produzir seus hormônios por volta das 5 da manhã. Isso fará com que tenham dificuldade de ir para a cama mais cedo no outro dia e, consequentemente, de acordar mais cedo. É um hábito que só tende a piorar, porque a pessoa vai procurar fazer suas atividades durante o final da tarde e a noite, quando tem mais energia. 

O pesquisador Luciano Ribeiro Jr. da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), especialista em sono, explica que esse distúrbio pode ser genético: "Pessoas com o gene da ‘vespertilidade’ têm predisposição para serem vespertinas. É claro que fator social e educação também podem favorecer”. Mas não se sabe ainda até que ponto o comportamento social pode influenciar o problema. 

A questão, na verdade, é que o vespertino não se encaixa na rotina que consideramos normal e acaba prejudicado em muitos aspectos. O problema surge na infância. A criança prefere estudar durante a tarde e não consegue praticar muitas atividades de manhã. Na adolescência, a doença é acentuada, uma vez que os jovens tendem a sair à noite e dormir até tarde com mais frequência. 

A característica vira um problema quando persiste na fase adulta. “O vespertino é aquele que já saiu da adolescência. Pessoas acima de 20 anos de idade que não conseguem se acostumar ao ritmo de vida que a maioria está acostumada”, diz Luciano. Segundo ele, cerca de 5% da população sofre do transtorno da fase atrasada do sono em diferentes graus e apenas uma pequena parcela acaba se adaptando à rotina contemporânea. 

O pesquisador conta também que, além do preconceito sofrido pelos pais, professores e, mais tarde, pelos colegas de trabalho, o vespertino sofre de problemas psiquiátricos com maior frequência: depressão, bipolaridade, hiperatividade, déficit de atenção são os mais comuns. Além disso, a privação do sono profundo, quando sonhamos, faz com que a pessoa tenha maior susceptibilidade a vários problemas de saúde: no sistema nervoso, endócrino, renal, cardiovascular, imunológico, digestivo, além do comportamento sexual. 

O tratamento não envolve apenas remédios indutores do sono, como se fosse uma insônia comum. É necessária uma terapia comportamental complexa, numa tentativa de mudar o hábito, procurando antecipar o horário do sono. Envolve estímulo de luz, atividades físicas durante a manhã e principalmente um trabalho de reeducação. 

E as pessoas que têm o hábito de acordar às 4 ou 5 horas da manhã? “O lado oposto do vespertino é o que a gente chama de avanço de fase. Só que esse não tem o problema maior no sentido social. Ele está mais adaptado aos ritmos sociais e profissionais. Os meus pacientes deste tipo têm orgulho, já ouvi mais de uma vez eles dizendo ‘Deus ajuda quem cedo madruga’”, diz o neurologista. 

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Reabertura completa da Biblioteca Mário de Andrade-SP

Depois de passar por reforma e modernização, a segunda maior biblioteca do país reabre completamente seu prédio principal celebrando a diversidade cultural de São Paulo com encontros temáticos e com show de Naná Vasconcelos na Praça Dom José Gaspar, que ganhará novo projeto paisagístico


No próximo dia 25 de janeiro, a cidade de São Paulo terá, além de seu aniversário de 457 anos, mais um motivo para celebrar. Nesta data será completamente reaberta a Biblioteca Mário de Andrade, segunda maior do país, que passou por modernização e restauro, tendo suas obras iniciadas em setembro de 2007. Ao todo, mais de 327 mil livros da coleção geral, dentre os quais 51 mil considerados raros ou especiais, estarão novamente à disposição para consultas. Além da biblioteca, a Praça Dom José Gaspar, onde ela está localizada, passou por uma revitalização e recebeu novo projeto paisagístico. 


O Plano Integrado de Modernização e Restauro da Biblioteca Mário de Andrade, realizado ao custo de R$ 16,3 milhões, com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, órgão ao qual a Biblioteca é vinculada.

A primeira etapa do plano foi concluída no primeiro semestre de 2010 e permitiu a reabertura da Circulante, em julho do mesmo ano. Entre julho e dezembro de 2010, a seção Circulante recebeu 89.540 pessoas e emprestou mais de 21 mil obras. No espaço da Circulante, encontram-se, além da coleção de 42.525 obras disponíveis para empréstimo, a coleção São Paulo, a coleção de Referência e uma amostra da Coleção ONU.  



Inaugurada em 1926, a Biblioteca Mário de Andrade chegou a ocupar antes um edifício na rua 7 de abril. O atual prédio principal da biblioteca, para o qual ela se mudou em 1943, conta com 12.032 metros quadrados e foi projetado pelo arquiteto francês Jacques Pilon na década de 1930 ao estilo art déco. Seu tombamento pelo Conpresp (Conselho Municipal de Patrimônio Histórico) saiu em 1992.

As obras de modernização e restauro possibilitaram o recuperação da fachada, a impermeabilização das lajes da cobertura, a modernização das redes internas de infraestrutura lógica e elétrica, a readequação dos andares de armazenamento do acervo com mecanismos de proteção ambiental, a ampliação da área de armazenamento de coleções de obras raras e de artes; a construção de mezanino para a guarda do acervo da Circulante, com acesso independente; o restauro dos móveis originais; a redistribuição das áreas técnicas e administrativas, a implantação de soluções de acessibilidade universal e a reconstituição das três mais importantes salas da área de consulta: atualidades, artes, obras raras e coleção geral.  


Entre fevereiro e julho de 2009, o acervo geral da Biblioteca Mário de Andrade, composto de 200 mil exemplares, passou por uma desinfestação inédita ao custo de R$ 700 mil, recursos oriundos do orçamento da Secretaria Municipal de Cultura.

No dia 25, todos os espaços de atendimento da Biblioteca estarão em funcionamento, com horário excepcional, das 12h às 18h, e haverá uma intensa programação cultural que inclui visitas guiadas, lançamentos de livros e apresentações musicais, dentre as quais se destaca o Quarteto de Cordas do Teatro Municipal. Além disso, será relançado o livro “Memória Paulistana” com impressão da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, organizado por Carlos Augusto Calil, com projeto gráfico de Emilie Chamie. 

Confira a programação completa.

 

O Leão de Nárnia é cristão?




Em entrevista ao Hollywood Reporter, Mark Johnson, produtor do filme A Viagem do Peregrino da Alvorada, disse que não sabe “se esses livros [As Crônicas de Nárnia] são cristãos”. 

Mark Moring, no site Christianity Today, questiona esse desconhecimento. Leia a tradução da matéria de Moring a seguir: 

Provavelmente, em nome do politicamente correto - e tentando evitar que o filme seja rotulado como um "filme cristão" - um dos principais produtores diz que não sabe se As Crônicas de Nárnia, de C. S. Lewis, são livros cristãos. Isso é espantoso.

A frase completa de Johnson inclui uma referência à cena em que Aslan claramente morre e ressuscita como Cristo no primeiro livro e filme, O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa: “Ressurreição existe em tantas religiões diferentes, de uma forma ou outra, de modo é quase exclusivamente cristã. Não queremos favorecer um grupo em relação a outro ... se esses livros são cristãos, eu não sei”.

Ainda mais espantoso é que as palavras de Johnson vêm apenas alguns dias após Liam Neeson, o ator que dá voz a Aslan, negar que seu personagem, isoladamente, representa Cristo. Neeson disse que Aslan "para mim, também simboliza Maomé, Buda e todos os grandes líderes espirituais e profetas ao longo dos séculos".

Os fãs ao redor do mundo manifestaram sua consternação com o comentário desde então. Um deles perguntou: “Como é que as pessoas encarregadas de fazer um filme realmente não sabem sobre o que o filme é?”

Enquanto isso, o NarniaFaith.com tem divulgado o filme para igrejas e líderes cristãos, em um esforço conjunto entre a Fox, Walden Media e Grace Hill Media. Na seção sobre ilustrações de sermões, o evangelista Luis Palau disse que O Peregrino da Alvorada é "uma história poderosa" sobre "a descoberta de riscos, surpresas e revelações da vida com Jesus Cristo." Palau se referiu a Aslan como “a representação de Cristo por Lewis”.

Outro pastor, Ken Foreman, refere-se à história e ao filme como “uma analogia maravilhosa sobre o nosso crescimento espiritual como cristãos” e que o nome Aslan “em nosso mundo é Jesus”.

O próprio C.S. Lewis escreveu: “Toda a história de Nárnia é sobre Cristo”. Lewis retratou Jesus como um leão em parte porque ele é chamado de “O Leão de Judá” na Bíblia.

Assim, por um lado, aqueles por trás do filme não demonstraram embaraço em associar seu produto com Jesus e o cristianismo, como evidencia o site NarniaFaith. Por outro lado, os recentes comentários de Neeson e Johnson passam uma impressão bem diferente.

Eu não estou dizendo que Neeson e Johnson são obrigados a gritar de cima dos telhados que Nárnia é uma alegoria cristã. Contudo, dizer coisas que essencialmente negam esse fato parece ser uma estratégia tola, pois ofende os cristãos que amam esses livros há décadas e confunde todo mundo.


Fonte em português:Nota na Pauta

Produtividade – por que você não deve conferir sua caixa de e-mails logo de manhã?

Todos nós conferimos nossos e-mails mais do que o necessário e a maior parte dos trabalhadores que usa um computador abre a caixa de entrada logo que chega no trabalho. O problema disso? É que você está acabando com sua produtividade.

Basicamente, você estaria deixando de se engajar em um projeto seu que é importante para se concentrar na necessidade de outras pessoas. Você não sabe o que está acontecendo em outros departamentos, não leu aquele e-mail da sua namorada e não ficou distraído pela corrente virtual que seu amigo chato lhe passou. Então você tem chance de trabalhar em coisas imediatamente necessárias, que você já estava planejando, sem se preocupar. Assim que você termina a sua tarefa, você pode fuçar a vontade no seu e-mail.

Não estamos dizendo para você ficar o dia inteiro sem olhar sua caixa de entrada, principalmente se ela é sua forma de comunicação com seu chefe, mas sim passar a primeira meia hora ou até a primeira hora do trabalho longe dela. Afinal, ela vai trazer outros problemas que vão te distrair, mesmo que sejam menos importantes do que sua tarefa atual.

Pelo menos, essas são as dicas do famoso blogueiro Sid Savara, que fala sobre auto-desenvolvimento e produtividade.

E você, leitor? Concorda com ele? É melhor se afastar do e-mail para se concentrar? Ou você acha que irá ficar ainda mais nervoso sem olhar a caixa de entrada? Deixe sua opinião nos comentários. [Lifehacker] 

Fonte: HypeScience

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Nota: Concordo que olhar logo o email pela manhã tira o foco de resolvermos as pendências do dia interior, principalmente se esse email for o pessoal. Acredito que deve ter um equilíbrio. Se o email for corporativo, ainda assim, deve-se manter as prioridades pendentes e depois checar novos problemas que surgirão dos muitos emails recebidos ao longo do dia.

domingo, 23 de janeiro de 2011

A leitura, uma notável atividade neurológica

Por Roney Cytrynowicz
Um estranho problema vivido pelo escritor canadense Howard Engel, autor de livros cujo personagem principal é o detetive Benny Cooperman, levou o médico e escritor Oliver Sacks a escrever um intrigante ensaio sobre a leitura em “Um homem de letras” (O olhar da mente, Companhia das Letras). Certo dia em 2002, Engel acordou, pegou o jornal que parecia o mesmo de sempre, mas logo percebeu que não conseguia ler uma única palavra.
Em uma carta que enviou a Sacks, ele descreveu sua dificuldade: “Eu podia ver que as letras que o compunham eram as 26 letras do alfabeto inglês com as quais eu estava habituado. Só que agora, quando eu as focalizava, ora pareciam cirílico, ora coreano”. Na primeira avaliação neurológica, constatou-se que Engel estava também com outros problemas visuais: dificuldade para reconhecer cores, rostos e objetos comuns. A impossibilidade de ler era desesperadora: sua vida, seu trabalho e sua identidade estavam ligados à leitura e à escrita de narrativas elaboradas de crimes e investigações.
Mas, para seu espanto, Engel descobriu que podia escrever perfeitamente, embora não conseguisse ler o que ele próprio escrevia. O que ele tinha era uma “alexia sem agrafia”, uma cegueira para palavras. Ora, ler e escrever andam juntos; como é que ele podia perder uma coisa e não a outra?, pergunta-se Sacks, explicando que concebemos a leitura como um ato contínuo e indivisível, e quando lemos prestamos atenção ao significado e talvez à beleza da linguagem escrita, inconscientes dos muitos processos que a possibilitam. Só quando encontramos um problema como a alexia é que percebemos que a leitura, na verdade, depende de toda uma hierarquia ou cascata de processos que pode ser interrompida em qualquer ponto.
Em todos os seus livros, Sacks parte de um caso médico, uma história real, para escrever um ensaio que é ao mesmo tempo um texto científico que pode ser lido por leigos, uma reflexão sobre a condição humana (em seus aspectos naturais e culturais, sem qualquer reducionismo biológico) e um conto literário sobre um caso\personagem que busca conhecer e expandir as incríveis capacidades que as pessoas têm de encontrar caminhos para conviver com dificuldades impostas por limitações neurológicas (entre seus livros mais conhecidos estão O homem que confundiu sua mulher com um chapéu e Um antropólogo em Marte; sua autobiografia, Tio Tungstênio, e A ilha dos daltônicos são também imperdíveis).
No caso do escritor canadense, Sacks investiga os processos neurológicos do ato de ler: “A leitura, evidentemente, não termina com o reconhecimento das formas visuais das palavras. Seria mais exato dizer que é nesse momento que ela começa”. A linguagem escrita destina-se a comunicar o som das palavras e seu significado e esta atividade cerebral tem conexões com as áreas cerebrais da audição e da fala, com as áreas intelectuais e executivas e com as áreas úteis à memória e à emoção.
Em princípio, a opção que parecia se apresentar a Engel era depender da leitura de outra pessoa ou de áudio-livros, mas ele não queria isso, porque envolveria uma “mudança radical na visualidade da leitura, da aparência das palavras na página para um modo de percepção essencialmente auditivo – na verdade, ouvir em vez de ler e, talvez, falar em vez de escrever. Seria isso desejável, ou mesmo possível?”. E Engel, como escritor, queria voltar a ler.
Ao examinar pessoas em geral e pacientes com alexia, Sacks explica que existe nos seres humanos letrados um “hemisfério da linguagem, um sistema neuronal potencialmente disponível para o reconhecimento de letras e palavras (e talvez outras formas de notação visual – matemática ou música, por exemplo)”, o que introduz uma pergunta intrigante: por que todos os seres humanos têm esse equipamento inato para ler se a leitura é uma invenção cultural recente, se a escrita surgiu há pouco mais de 5 mil anos, evidentemente tempo curto para que tenha sido um processo de evolução por seleção natural? “Embora a área de formação visual das palavras no cérebro humano pareça ser primorosamente sintonizada com o ato de ler, não pode ter evoluído especificamente para tal propósito”, pondera Sacks.
A resposta é fascinante: “Todos nós vivemos em um mundo de visões, sons e outros estímulos, e nossa sobrevivência depende de fazermos uma rápida e acurada interpretação deles. Compreender o mundo à nossa volta tem de ser algo baseado em algum tipo de sistema, algum modo rápido e certeiro de analisar o ambiente. Embora ver objetos, defini-los visualmente, pareça ser instantâneo e inato, constitui na verdade uma tremenda façanha perceptual que requer toda uma hierarquia de funções. Não vemos os objetos como tais; vemos formas, superfícies, contornos e fronteiras, que se apresentam em diferentes luminosidades ou contextos e mudam de perspectiva quando se movimentam ou quando nos movimentamos.”
Desse caos visual complexo e mutável é necessário extrair invariantes que permitam inferir a qualidade do objeto. Não seria econômico supor que existem representações individuais (engramas) para cada um dos bilhões de objetos ao nosso redor. A capacidade de combinação precisa ser convocada e precisamos de um conjunto finito ou vocabulário de formas que possa ser combinado de um número infinito de modos, assim com as 26 letras do alfabeto podem ser reunidas (sob determinadas regras) para formar quantas palavras ou sentenças forem necessárias a uma língua.
Talvez alguns objetos possam ser reconhecidos logo que nascemos ou pouco depois, por exemplo, os rostos, escreve Sacks. Fora esses, porém, o mundo dos objetos precisa ser aprendido por meio de experiência e atividade: olhando, tocando, manuseando, correlacionando as impressões dadas pelos objetos com a aparência deles: “O reconhecimento visual de objetos depende dos milhões de neurônios do córtex inferotemporal, e nessa área a função neuronal é muito plástica, aberta e altamente responsiva a experiência e treinamento, à educação. Os neurônios inferotemporais evoluíram em função do reconhecimento visual geral, mas podem ser recrutados para outros propósitos – mais notavelmente, a leitura”.
Isto é facilitado pelo fato de que os sistemas de escrita parecem ter em comum certas características topológicas com o ambiente, características que nosso cérebro evoluiu para decodificar. A análise de mais de uma centena de sistemas de escrita, incluindo ideogramas chineses, mostrou que mesmo sendo geometricamente muito diferentes, têm em comum semelhanças topológicas básicas, e foram constadas invariantes topológicas semelhantes em um conjunto de cenários naturais.
Tudo isso não quer dizer que, mesmo durante a curta vida de um indivíduo ou de uma sociedade, desenvolvimentos culturais e individuais, selecionando pela experiência, podem se dar em uma escala de tempo infinitamente mais rápida do que o da evolução. Quanto ao escritor Howard Engel, após muitos meses, ele aprendeu um complexo sistema de escrita e leitura, que incluía várias estratégias e o apoio de um revisor que lia os textos, o que lhe permitiu continuar a escrever, baseado em sua experiência e no mundo que passara a ser seu cotidiano, publicando Memory Book (Livro da memória), em 2005, e The man who forgot how to read (O homem que esqueceu como ler) em 2007. Ambos tendo o detetive Benny Cooperman como personagem principal.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Culpa

Fonte: Lição 5 da Escola Sabatina

Sábado à tarde


Verso para Memorizar: “Se Tu, soberano Senhor, registrasses os pecados, quem escaparia? Mas contigo está o perdão para que sejas temido” (Salmo 130:3, 4, NVI).

Leituras da semana:
Gn 3:8-13; 1Jo 1:9; Sl 32; 1Tm 4:1, 2; Mt 26:75; Rm 8:1

O senso de culpa é uma das experiências emocionais mais dolorosas e incapacitadoras. Pode provocar vergonha, medo, tristeza, raiva, angústia e até enfermidade física. Embora frequentemente sejam desagradáveis, esses sentimentos podem ser usados por Deus para levar os pecadores ao arrependimento e ao pé da cruz, onde podem achar o perdão tão desejado. Às vezes, porém, o mecanismo da culpa faz com que as pessoas assumam a culpa por algo pelo que não são responsáveis, como no caso de alguns sobreviventes de acidentes ou filhos de pais divorciados.

Mas quando o senso de culpa é justificado, serve como boa consciência. A culpa produz desconforto suficiente para levar a pessoa a fazer algo sobre ela. Dependendo das escolhas pessoais, a culpa pode ser altamente destrutiva, como no caso de Judas, ou altamente positiva, como no caso de Pedro.

Nesta semana, vamos estudar quatro relatos bíblicos de culpa a fim de entender melhor esse processo e ver o que podemos aprender sobre ela, se for corretamente canalizada. Podemos ver como a culpa pode ser usada pelo Senhor para nosso proveito. Tudo depende, realmente, de nossa atitude em relação à culpa que sentimos e o que fazemos com ela.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Escrever à mão e ler livros físicos facilita aprendizagem

Pesquisadores da Universidade de Stavanger, na Noruega, descobriram que o ato de escrever a mão fortalece o processo de aprendizagem. Segundo eles digitar textos no teclado e ler livros em telas prejudicam a assimilação do conteúdo.

“O processo de leitura e escrita envolve uma série de sentidos. Ao escrever à mão, nosso cérebro recebe um feedback de nossas ações motoras, juntamente com a sensação de tocar em um lápis e papel. Esse tipo de resposta é significativamente diferente daquele que recebemos quando tocamos e digitamos em um teclado”.


Segundo matéria do Estadão a professora Anne Mangen, do Centro de Leitura e o neurofisiologista Jean-Luc Velay, da Universidade de Marselha, França,  escreveram um artigo publicado no periódico Advances in Haptics. Onde examinaram uma pesquisa que confirma a importância dessas diferenças.

Um experimento realizado pela equipe de Velay estabelece que diferentes partes do cérebro são ativadas quando lemos as letras pela escrita daquelas estimuladas quando reconhecemos as letras por meio da digitação em um teclado. Ao escrever à mão, os movimentos envolvidos deixam uma memória motora na parte sensório-motora do cérebro, o que nos ajuda a identificar as letras. Isso implica uma conexão entre a leitura e a escrita, e sugere que o sistema sensório-motor desempenha um papel no processo de reconhecimento visual durante a leitura, explica Anne.

Outros experimentos indicam que a Área de Broca (parte do cérebro responsável pelo processamento da linguagem, produção da fala e compreensão) é perceptivelmente mais ativada quando lemos um verbo que está ligado a uma atividade física, em comparação com a leitura de um verbo abstrato ou de um verbo que não está associado a nenhuma ação.

"Isso também acontece quando você observa alguém fazendo alguma coisa. Você não precisa fazer nada. A audição ou visão de uma atividade é muitas vezes suficiente. Pode até ser bastante para observar uma ferramenta conhecida e associá-la a uma atividade física", diz a pesquisadora.
"Pelo fato de a escrita à mão demorar mais que digitar em um teclado, o aspecto temporal também pode influenciar no processo de aprendizagem", acrescenta.

Anne cita um experimento que envolveu dois grupos de adultos, no qual os participantes receberam a tarefa de aprender a escrever em um alfabeto desconhecido, composto por cerca de vinte letras. Um dos grupos foi ensinado a escrever à mão, enquanto o outro usava um teclado. Depois de semanas, a lembrança dos voluntários sobre essas letras e a agilidade deles para distinguir as letras normais das invertidas foram testadas.

Aqueles que haviam aprendido as letras pela escrita tiveram melhor proveito em todos os testes. Além disso, exames de ressonância magnética indicaram uma ativação da Área de Broca nesse grupo. Entre aqueles que tinham aprendido pela digitação, houve ativação de poucas partes dessa área ou nenhuma.
"O componente sensório-motor é parte integrante da formação de iniciantes, e em especial de pessoas com dificuldades de aprendizagem. Mas ainda há pouca consciência e compreensão da importância da escrita para esse processo", diz Anne.

"Nossos corpos são projetados para interagir com o mundo que nos rodeia. Somos seres vivos, voltados para o uso de objetos físicos - sejam eles um livro, um teclado ou uma caneta - a fim de executar determinadas tarefas", completa.

Fonte: Estadão.com.br
 

O Diário de Anne Frank, entre o extraordinário e o banal

Por Roney Cytrynowicz

O lançamento em português de A História de Eva (Record, 2010) – memória do Holocausto de Eva Schloss, cuja mãe se casou depois da guerra com Otto Frank, pai de Anne Frank –, remete ao Diário de Anne Frank, certamente um dos livros que mais impacto e influência teve sobre gerações de leitores, especialmente jovens, que cresceram lendo, se identificando e se emocionando com a história do anexo, o esconderijo onde a família Frank passou pouco mais de dois anos escondida em Amsterdã durante a Segunda Guerra Mundial. Um levantamento de 1996 indicava que 50% dos jovens norte-americanos do ensino médio haviam lido o diário. Há ainda o belíssimo livro de Alison Leslie Gold e Miep Gies, a holandesa que teve papel central no suporte ao esconderijo dos Frank e dos outros quatro ocupantes do anexo (Anne Frank: o outro lado do diário, Best Seller, 1987).


Também recém-lançado, um livro surpreendente é Anne Frank: A história do diário que comoveu o mundo, da ensaísta e escritora norte-americana Francine Prose (Zahar, 2010). A autora conta a história de como o diário foi escrito, do impressionante trabalho testemunhal e literário de Anne, das diferentes edições do livro, da peça em Hollywood, do filme, da memorialização da história no museu na casa da família em Amsterdã, questões do uso do diário em sala de aula, além de um capítulo sobre o negacionismo nazista contra o diário.

Testemunho singular do Holocausto e dos anos da guerra na Holanda, o diário ganhou ao longo dos anos leitura e recepção crescentemente universalista até se tornar uma metáfora da vida de uma jovem em tempos sombrios e se transformar em precursor de um gênero do qual é sempre a referência. O livro é lido como um espelho universal da condição de adolescente, escreve Francine, no qual meninos e meninas podem ver uma descrição extremamente condensada da alienação, da solidão e das torrentes de sofrimento sem causa concreta que definem a adolescência na cultura ocidental no século 20. É também um livro no qual os mais velhos reconhecerão sua própria adolescência, os conflitos entre os eus autênticos e as máscaras sociais. “O que torna o diário de Anne tão útil, é a decência fundamental da autora, sua crença de que a dignidade humana prevalecerá”, escreve Francine ao compreender porque o diário se tornou referência universal para todas as causas humanistas.

Mas mais do que tudo, Francine Prose recoloca o precioso valor literário do diário em suas circunstâncias históricas específicas. Anne Frank era uma escritora, escreve ela, e a aparente naturalidade do seu estilo é uma realização artística primorosa. O diário tem uma história curiosa. O primeiro texto (redigido no célebre diário com capa de pano xadrez vermelho, cinza e castanho) foi escrito entre 12 de junho e 5 de dezembro de 1942, recomeçou em um caderno de exercícios de capa preta em 22 de dezembro de 1943 e seguiu até 17 abril de 1944; um terceiro caderno de exercícios foi de 17 de abril de 1944 até três dias antes da prisão em 14 de agosto daquele ano.

Mas a própria Anne, em 1944, reescreveu seu diário e acrescentou várias anotações cobrindo a lacuna do ano de 1943, em 324 folhas soltas de papel. Este texto foi reescrito, enfatiza Francine, com a intenção não somente de escrever um diário de menina, mas como registro e testemunho dos anos de terror no esconderijo, um livro de memória em forma de diário que ela chamaria “O anexo secreto”. A reescrita tornou o texto mais impressionante, não menos autêntico, o relato se tornou mais profundo, reflexivo e sereno, afirma a autora, para quem o conhecimento desta reescrita potencializa muito a apreciação literária do diário.

Sobrevivente do Holocausto, o pai Otto encontrou o conjunto dos cadernos e folhas avulsas – guardados por Miep Gies – e organizou uma “mistura’ editada por ele, que se tornou o Diário de Anne Frank, cortando o que lhe pareceu excessivamente banal e alguns trechos que ele considerou íntimos demais da adolescência de Anne e em relação à convivência familiar no anexo. Otto o fez com a melhor das intenções para tornar público o registro da sua filha assassinada pelo nazismo, junto com a esposa Edith e a filha mais velha Margot, e sem sua iniciativa o diário jamais seria conhecido (os originais dos textos do diário e da sua reescrita estão guardados em um arquivo holandês e foram publicados na íntegra, nos anos 1980, em um livro que expôs o diário, a reescrita de Anne e a edição de Otto).

Francine Prose acredita que um apelo do ministro holandês da Educação, Arte e Ciência, em março de 1944, para estabelecer um arquivo nacional com diários e outros registros comuns da guerra com o objetivo de que as gerações futuras compreendessem os sofrimentos da população – que os Frank ouviram no rádio em seu esconderijo – teria sido decisivo para Anne reescrever o diário e concebê-lo como um testemunho que deveria se tornar público.

No pós-guerra, Otto Frank buscou publicar o diário, mas, escreve Francine, “o manuscrito foi rejeitado por todos os editores que o leram; nenhum deles imaginava que leitores comprariam o diário íntimo de uma adolescente que fora morta na guerra. Além disso, os holandeses não tinham nenhum desejo de ser lembrados do sofrimento que haviam suportado tão recentemente”.

Após um artigo sobre o diário e trechos divulgados em uma revista, ele foi publicado em 1947 com uma tiragem de 1,5 mil exemplares. O diário teve cinco reimpressões até 1950 (e uma na Alemanha), quando ficou fora de catálogo até 1955, e foi ganhar nova vida após ser editado nos Estados Unidos.

Mesmo nos EUA, o diário foi inicialmente rejeitado por quase todas as editoras importantes, que o consideraram específico e pouco atraente. Artigos positivos na Commentary e na New York Review os Books, no entanto, abriram o caminho para a edição prefaciada por Eleanor Roosevelt, e logo se tornou um best-seller. A revista Time estampou que o diário era “uma das histórias mais comoventes que qualquer pessoa, em qualquer lugar, conseguiu contar sobre a Segunda Guerra Mundial”.

Francine Prose mostra que entre o diário de menina e o texto mais elaborado de 1944 se formou uma verdadeira autora, que compôs um arrebatador livro de memória. Segundo a autora, “persiste o fato de que só raramente se deu a Anne Frank o que lhe é devido como escritora. Com poucas exceções, seu diário nunca foi levado a sério como literatura, talvez por ser um diário, ou, mais provavelmente, porque sua autora foi uma menina. O texto foi discutido com um testemunho ocular, um documento de guerra, uma narrativa do Holocausto (...) e um trampolim para conversas sobre racismo e intolerância. Praticamente nunca, porém, foi visto com uma obra de arte”.

Conforme Francine: “A forma do diário – cartas com quebras, como quebras de capítulo, dando margem a lacunas no tempo e mudanças de assunto – permite a Anne passar suavemente da meditação para a ação, da narração e da reflexão para o diálogo e a cena dramatizada. Parte do que nos mantém lendo com tão embevecida atenção são as mudanças regulares, mas imprevisíveis, entre opostos de tom e conteúdo – entre domesticidade e perigo, entre o privado e o histórico, entre metafísica e alta comédia. Uma das mais intrigantes dessas oposições é a tensão entre o extraordinário e o banal, o extremo e o normal, o jovem gênio e a adolescente típica.”

Fonte:  PublishNews

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Dica de Leitura: DIÁRIO DE ANNE FRANK

Este livro é uma edição que traz na íntegra o diário de Anne Frank, com todos os trechos que seu pai cortou para a publicação de 1947, já tão conhecida e lida. É comovente descobrir que mesmo no contexto tenebroso do nazismo e guerra, ela viveu problemas e conflitos de uma adolescente de qualquer lugar e tempo. Anne Frank registrou admiravelmente a catástofre que foi a Segunda Guerra Mundial. Seu diário está entre os documentos mais duradouros produzidos neste século, mas é também uma narrativa tenra e incomparável, que revela a força indestrutível do espírito humano.